03/10 - Aniversário de Kardec
Allan Kardec nasceu em Lyon (França), a 3 de outubro de 1804 e foi registrado sob o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Iniciou
seus estudos na escola de Pestalozzi (em Yverdun, Suiça). A educação
transmitida por Pestalozzi marcou profundamente a vida futura do jovem
Rivail.
Tornou-se
educador e entusiasta do ensino, tendo sido várias vezes convidado por
Pestalozzi para assumir a direção da escola, na sua ausência. Durante 30
anos (de 1824 a 1854), dedicou-se inteiramente ao ensino e foi autor de
várias obras didáticas, que em muito contribuíram para o progresso de
educação, naquela época.
De
1855 a 1869, consagrou sua existência ao Espiritismo; sob a assistência
dos Espíritos Superiores, representados pelo Espírito da Verdade,
estabelece as bases da Codificação Espírita, em seu tríplice aspecto:
Filosófico, Científico e Religioso.
KARDEC, OBRIGADO
Kardec,
enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar o
nosso preito singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te
exalçam a obra gigantesca nos domínios da libertação espiritual.
Não
nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de
Jesus que possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão,
cuja estrutura desafia a passagem do tempo.
Falem
outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do
prestígio que desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua
presença nos fastos sociais, da glória que te ilustrava o nome, de vez
que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão
integralmente o exato valor de teus créditos humanos.
Reportar-nos-emos
ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem e
abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da
Espiritualidade Superior. E, rememorando o clima de inquietações e
dificuldades em que, a fim de reacender a luz do Evangelho, superaste
injúria e sarcasmo, perseguição e calúnia, desejamos expressar-te o
carinho e a gratidão de quantos edificaste para a fé na imortalidade e
na sabedoria da vida.
O
Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te
faça bendito pelos que se renovaram perante o destino à força de teu
verbo e de teu exemplo!...
Diante
de ti enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à
loucura e ao suicídio com o facho da esperança; os que arrancaste ao
labirinto da obsessão com o esclarecimento salvador; os pais desditosos
que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinquentes, e os
filhos agoniados que se encontram na vala da frustração e do abandono
pela irresponsabilidade dos pais em desequilíbrio e que foram
reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação; os que
renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso,
esmagados de angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da
demência, apontando-lhes as vidas sucessivas; os que se acharam
arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos que a
morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os
horizontes da sobrevivência, insuflando-lhes renovação e paz, na
contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso do tédio e
do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a
alegria de viver; os que aprenderam contigo o perdão das ofensas e
abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros de Humanidade que lhes
apunhalaram o espírito, a golpes de insulto e de ingratidão; os que te
ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor
por instrumentos de redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou
acusados sem crime, abraçando-te as páginas consoladoras que molharam
com as próprias lágrimas...
Todos
nós, os que levantaram do pó da inutilidade ou do fel do desencanto
para as bênçãos da vida, estamos também diante de ti!... E,
identificando-nos na condição dos teus mais apagados admiradores e como
os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós
te rogamos permissão para dizer: Kardec, obrigado!... Muito
obrigado!...
(Irmão X/Chico Xavier. Publicado em "O Reformador" de outubro de 1985.)